quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Folha de amendoeiras em aquário


Terminalia catappa

Na realidade a água é sem duvida o mais importante na vida de um peixe da mesma forma que o ar é para o homem . Quando decidimos optar pelos discus é fundamental recriar as condicoes mais idênticas aqueles em que os Discus vivem na Amazónia ou seja uma água mole (com poucos sais minerais) e ácida com um Ph inferior a 7 .Penso que ao longo destes 20 anos o grande segredo da criação , crescimento e manutenção se deve principalmente á água em que temos os nossos Discus. Muitas vezes fui confrontado com a velha questão ; Qual o melhor Ph para os discus ? Bom não existe um "melhor" Ph ! Existe sim uma escala na qual sempre criei e mantive os meus discus e que anda entre os 6.0 e os 7.0 ! Depois da minha experiência no Brasil aonde mais á frente vou falar , chego á conclusão que peixes apanhados em rios com Ph nos 4,5 com uma boa adaptação vivem e mantém-se com Ph´s de 7.4. Importante será termos uma água mole com uma condutividade baixa ou seja nunca superior aos 300 microsiemans . De outra forma os peixes ficam assustados em stress , perdem o apetite , ficando muitas vezes escuros podendo inclusive ficar doentes .Assim recomendo um Ph á volta dos 6,5 com uma temperatura entre os 27º a 30º. Em relação á dureza convém ser baixa , mas nunca inferior a 80 microsiemans nem superior a 300 microsiemans . A dureza é assim fundamental tanto para criar como para manter estes fantásticos peixes. Algo fundamental é também sem duvida a qualidade da água . Os discus gostam de água isenta de nitrito , nitratos e sobretudo de amónia que pode ser mortal mesmo em pequenas concentrações . Desta forma uma boa filtragem é essencial , assim como diversas mudanças de água , dependendo obviamente do numero de peixes por aquário.



Habitualmente costumo aconselhar cerca de 40 litros e água para cada peixe adulto (com cerca de 14 cm) e nunca aquários inferiores a 60 litros para manter discus . Quanto menor o aquário mais difícil é termos uma boa qualidade de água.Quanto menor o aquário mais trocas parciais de água teremos de fazer . Temos de ter sempre atenção nas trocas e reposições de agua nos aquarios de discus . Esta deve uma quimica (Ph , Dureza) e temperatura o mais semelhante possível aquela que esta no aquario. Outra atenção a ter é os desinfectantes introduzidos na água da torneira que muitas vezes sao mortais para os discus . Cloro , cloramina sao alguns dos desinfectantes habitualmente usados na agua de consumo humano. Aconselho sempre a colocar essa água em repouso 48h a fim de libertar alguns dos tais desinfectantes nocivos aos nossos peixes . Para o efeito devemos sempre de recorrer a alguns testes clorimetricos de PH , Nitrito , Nitratos , Amonia , Dureza e Cloro para identificarmos o estado químico da água . Numa fase mais avancada de muitos peixes e muitos aquarios justifica termos aparelhos digitais bem calibrados para medir de uma forma mais precisa a química da água Obviamente que tudo isto é relativo, pois depende , da filtragem e da quantidade de comida fornecida ao peixe diariamente . Sabendo que o excesso de comida não ingerida é prejudicial á água , estragando a mesma No máximo a comida administrada aos peixes não deve ficar no aquário mais de meia hora .Assim como ter em atenção se a mesma comida não é absorvida pelo filtro , ficando lá depositada, apodrecendo e provocando alterações químicas na agua (aparecimento de nitrito e nitratos) .Estas simples regras devem de se ter sempre em atenção para não termos problemas de má qualidade de água . Os maus ciclos de água (ciclo do azoto) muitas vezes provocado doenças bacterianas se os peixes forem introduzidos cedo de mais. Sempre aconselhei a colocar um peixe numa água nova com o mínimo de um mês de ciclo .Os discus por experiência própria gostam de águas maduras , bem cicladas . Folhas milagrosas ...

O uso da folha


Terminalia catappa, o nome é estranho? certamente a planta não é desconhecida .
Esta planta é conhecida no Brasil por vários nomes comuns, de acordo com a região ela pode ser chamada de Amendoeira, Castanheira, Castanheira Portuguesa, Castanha da ìndia, Castanhola, Sete Copas, Chapéu de Sol e possivelmente outros nomes. Ela foi introduzida no Brasil pelos Portuguêses trazida da Índia no período de colonização do nosso país, adaptou-se perfeitamente aos diversos climas do nosso gigante e hoje se ninguém falar nada muita gente vai continuar pensando que ela é nativa, mas não é, é uma planta exótica. No exterior o nome mais comum é Indian almond leaves mas não é difícil ver a planta sendo chamada de folhas milagrosas ou folhas mágicas.

Mas o que tem essa planta de especial para estar sendo comentada em um blog que basicamente trata de aquários?
Esta planta é hoje em dia alvo de diversas , um dos metabólitos presente em suas folhas já foi identificado como bactericida e fungicida entre outras possíveis plicações inclusive contra o câncer. Ela é usada na medicina popular da Ásia a séculos e além disso é usada como tônico e coadjuvante no tratamento de peixes ornamentais, este segredo foi guardado por muito tempo pelos orientais e com o advento da internet essa informação finalmente vazou, embora pessoas mais informadas já tenham ciência do uso destas folhas no oriente aqui no Brasil ainda não se tem conhecimento, pelo menos não foram divulgados, da aplicação prática na criação e manutenção de peixes ornamentais.



Quem conhece um pouquinho como é feita a criação de peixes na Ásia sabe que qualquer brasileiro se assustaria com a quantidade de peixes que são mantidos em tanques e viveiros, uma quantidade muito superior a qualquer média comumente conhecida e estabelecida entre nós. Ficamos imaginando que seria esperado um grande número de mortes e de problemas relacionados ao excesso de população em uma criação tão intensiva... mas não é o que ocorre, os asiáticos sempre assombraram os ocidentais com o volume de produção. Um dos segredos é a qualidade da água e é exatamente ai que a folha da Terminalia catappa entra. Na criação de peixes de corte, Tilápias por exemplo, a T. catappa é uma alternativa reconhecida ao uso de antibióticos.



Entre as qualidades que hoje podem ser encontradas testemunhadas em sites e fóruns das mais variadas nacionalidades estão:

* Estimulante da reprodução;
* Alto poder antifúngico;
* Alto poder antibactericida;
* Alto poder antiparasiticida;
* Intensificação das cores dos peixes;
* Melhoraria da saúde geral dos peixes;
* Baixa o PH;
* Simular condições de águas escuras (Black Water).

As folhas secas da Terminalia catappa são amplamente utilizadas por criadores de Bettas, Discos e demais peixes de água ácida principalmente, no entando é fácil encontrar referência de uso com diversas outras espécies como Rásboras, por exemplo. As folhas são usadas secas dentro do compartimento de filtragem, local de grande circulação de água na proporção de 1 folha para cada 15 galões, o que em litros dá 1 folha para cada 56L mais ou menos. Estas folhas hoje tem um forte comercio internacional sendo muito apreciadas por criadores de Killifishes e Discos europeus (principalmente Alemanha) e atualmente encontra um comercio em expanção entre os hobistas americanos que as tem adiquirido pela internet.

Com tantas qualidades e tantas referências positivas fico imaginando por que o Brasil que tem essa planta de norte a sul não há referências do seu uso ou experimentação... certamente espera-se que um grande site americano anuncie a venda para então a febre chegar até aqui.

Por que não tentar?

Se você ficou curioso a respeito acho que é totalmente válida uma experimentação, para os criadores de Betta acostumados a usar a folha de bananeira no tratamento de algumas infecções tem ai uma excelente oportunidade para experimentar.
Para usar as folhas recomenda-se colhe-las ainda verdes e seca-las a sombra, isso evita que juntamente das folhas secas coletadas no chão sejam introduzidos no aquário agentes contaminantes que aproveitam a morte da folha para se instalar, obviamente o poder de defesa da folha é muito maior quando ela ainda está viçosa e saudável em seu galho. Após a coleta as folhas devem ser lavadas e dispostas para secagem, após a secagem basta dispo-las em local de grande circulação de água, neste caso os filtros. Vale lembrar que a folha, como mencionado acima, tigirá a água de uma coloração amarelada cor de chá, então se você não aprecia a coloração esteja avisado.
Efeitos esperados
Espera-se que os peixes reajam exibindo todo seu vigor, tenha baixa suscetibilidade a infecções e tenham suas cores intensificadas, estes são os efeitos gerais associados ao uso das folhas. Na reprodução é esperada diminuição e até ausência de ovos fungados (ovos brancos) bem como um aumento no número de alevinos sobreviventes aos primeiros dias.
Modo de Uso:
Cada folha pode tratar até 56L (10G) de água. Simplesmente coloque a folha inteira no seu aquário ou qualquer recipiente com água e a deixe lá por pelo menos 5 dias ou até 10 dias para obter melhores resultados. A água irá gradualmente tornar-se cor de chá nos dias subsequentes, primeiro uma cor suave intensificando com o decorrer da aplicação. Se você tem um recipiente com menos de 56L pode-se aplicar as folhas em separado e ir diluindo a solução no recipiente que se quer tratar, mas pode-se ainda diminuir a proporção das folhas em relação ao conteúdo do recipiente. As folahs devem ser removidas após 10 dias de uso visto que todas as suas propriedades benéficas como o ácido taninico já foram liberadas no tanque.
Para pequenos recipientes, como betteiras de criação, pode-se usar um recorte da folha de uns 3.5 a 7cm2 adicionado diretamente ao recipient deixando-o lá por pelo menos 3 dias ou cinco para melhores resultados. O tratamento da água com as folhas da Terminalia catappa diminuem a necessidade de trocas desses recipientes de várias em uma semana para uma por semana, mesmo assim não deve-se deixar de fazer trocas.
Ficou curioso e vai tentar? Ótimo, observe o modo de preparação e uso citados acima e não deixe compartilhar os resultados.
Marcelo Mello Ramos

5 comentários:

  1. eu pensava que era uma árvore rará que existia só na, indiá e depois que descobri que era uma sete copas, fiquei puta da cara porque tem uma na frente da minha casa.

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  2. Posso está enganado, mas consigo resultados semelhantes com a folha do pé de goiaba. Eu tinha um tanque (cisterna) em baixo de um pé de goiaba onde caiam essas folhas e a água nunca era trocada (só nas épocas de chuva que enchiam e diminuíam por conta de uma infiltração no meio dela) e percebi que os Bettas Tricongaster, Tilápias e tantos outros que criei lá ao longo do tempo nunca adoeciam.

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  3. antibactericida não é correto. 😉
    se usa bactericida ou antibacteriano.
    Adorei o artigo parabéns.

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